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Internacional

Ataques israelenses matam palestinos que protegiam caminhões de ajuda

Entrega dos suprimentos tem sido irregular
Nidal al-Mughrabi e James Mackenzie - Repórteres da Reuters*
Publicado em 23/05/2025 - 09:23
Cairo e Jerusalém
Caminhões com ajuda humanitária para Gaza aguardam para entrar nas fronteira
 19/5/2025    REUTERS/Stringer
© Reuters/Stringer/proibida a reprodução
Reuters

Ataques aéreos israelenses mataram pelo menos seis palestinos que guardavam caminhões de ajuda contra saqueadores, disseram autoridades do Hamas nesta sexta-feira (23), destacando os problemas que impedem que os suprimentos cheguem às pessoas famintas em Gaza após o bloqueio de 11 semanas de Israel.

Os militares israelenses disseram que 107 caminhões transportando farinha e outros alimentos, bem como suprimentos médicos, entraram na Faixa de Gaza a partir do ponto de agem de Kerem Shalom, nessa quinta-feira. Mas a entrega dos suprimentos às pessoas abrigadas em barracas e outras acomodações improvisadas tem sido irregular.

Até o momento, segundo grupos de ajuda palestinos, 119 caminhões entraram em Gaza desde que Israel aliviou seu bloqueio na segunda-feira, diante de um clamor internacional. Mas a distribuição foi prejudicada por saques feitos por grupos de homens, alguns deles armados, perto da cidade de Khan Younis, disse a rede de ajuda.

"Eles roubaram alimentos destinados a crianças e famílias que sofrem de fome severa", afirmou a rede em um comunicado, que também condenou os ataques aéreos israelenses contra as equipes de segurança que protegem os caminhões.

Um representante do Hamas disse que seis membros de uma equipe de segurança encarregada de proteger os carregamentos foram mortos. Não houve comentário imediato dos militares israelenses.

A rede de grupos humanitários também disse que a quantidade de ajuda que chega a Gaza ainda é inadequada e inclui apenas pequena variedade de suprimentos. A rede declarou que o acordo de Israel para permitir a entrada de caminhões no enclave devastado pela guerra foi uma "manobra enganosa" para evitar a pressão internacional que pede a suspensão do bloqueio.

Até o momento, Israel afirma ter permitido a entrada de cerca de 300 caminhões em Gaza, mas grupos de ajuda dizem que muitos dos caminhões ficaram retidos na agem de Kerem Shalom e ainda não chegaram às pessoas necessitadas.

Os militares israelenses informaram que realizaram mais ataques em Gaza durante a noite, atingindo 75 alvos, incluindo instalações de armazenamento de armas e lançadores de foguetes. Os serviços médicos palestinos disseram que pelo menos 25 pessoas foram mortas nos ataques.

Israel impôs seu bloqueio a Gaza no início de março, acusando o Hamas de roubar ajuda destinada a civis, pouco antes de romper um cessar-fogo de dois meses, depois que os dois lados chegaram a um ime sobre os termos para estendê-lo.

O Hamas rejeitou a acusação e disse que muitos de seus próprios combatentes foram mortos ao proteger os caminhões dos saqueadores.

Israel lançou uma guerra aérea e terrestre em Gaza após o ataque transfronteiriço dos militantes do Hamas em 7 de outubro de 2023, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo os cálculos israelenses, e teve 251 pessoas sequestradas.

Desde então, a campanha israelense já matou mais de 53.600 palestinos, de acordo com as autoridades de saúde de Gaza, e devastou a faixa costeira. Grupos de ajuda humanitária afirmam que os sinais de desnutrição grave são generalizados.

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