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Direitos Humanos

Justiça transfere posse da Casa da Morte para Prefeitura de Petrópolis

Local foi usado para tortura e assassinato durante a ditadura militar
Rafael Cardoso - Repórter da Agência Brasil
Publicado em 23/05/2025 - 16:35
Rio de Janeiro
Petropólis 23/05/2025 Casa da Morte se tornará memorial público dedicado à preservação da memória, à valorização da verdade e à promoção dos direitos humanos (Foto: Paula Franco/MDHC)
© Paula Franco/MDHC

A 4ª Vara Cível da Comarca de Petrópolis, na região metropolitana do Rio de Janeiro, autorizou nesta quinta-feira (22) que a prefeitura da cidade tome posse do imóvel conhecido como Casa da Morte. O local foi usado como centro clandestino de torturas e assassinatos durante a ditadura militar.

Um convênio assinado com o governo federal, por meio do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), estabelece que o local, no bairro do Caxambu, seja transformado em memorial. Para tanto, o município recebeu do ministério R$ 1,4 milhão.

A gestão do imóvel será compartilhada com a Universidade Federal Fluminense (UFF), por causa das pesquisas desenvolvidas sobre o tema, além do trabalho de mapeamento, negociações com a comunidade local e estudos sobre a implantação do memorial.

A história clandestina do imóvel foi descoberta graças à atuação de Inês Etienne Romeu, que morreu em 2015. Ela foi sequestrada pelos militares em 1971 e torturada no local durante 3 meses. O caso chegou à Comissão Nacional da Verdade em 2012. Desde então, tentava-se desapropriar o imóvel, mas a Prefeitura de Petrópolis alegava falta de dinheiro.

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“Essa ação não é o fim da linha, não é uma política constituída. É mais um o rumo à implementação do memorial”, disse a coordenadora de Política, Memória e Verdade do MDHC, Paula Franco, durante audiência pública no Arquivo Nacional, nesta quinta-feira.

“Isso só se deu pela luta dos grupos da sociedade civil, pelas famílias das pessoas desaparecidas e mortas por razões políticas durante a ditadura militar, que carregaram essa demanda nas últimas décadas e agiram junto ao Ministério Público Federal”, afirmou.