A Academia Brasileira de Ciências será presidida por uma mulher pela primeira vez em 106 anos. A biomédica Helena Nader, que já era vice-presidente, toma posse nesta quarta-feira para um mandato de três anos a frente da entidade, fundada em 1916 para promover o avanço científico no país. Doutora em Ciências Biológicas e professora da Universidade Federal de São Paulo, ela já dedicou 56 dos seus 74 anos de idade à ciência.
E além dos avanços no laboratório e das contribuições em sala de aula, Helena integra há muitos anos diversas entidades científicas e também já presidiu outro importante colegiado do país, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência. Apesar de ter alcançado um patamar tão alto, ela ite que o caminho é mais complicado para as mulheres, o que fica evidente no fato de ser a primeira presidente da ABC em mais de um século.
A desigualdade de gênero está no radar da nova gestão da Academia Brasileira de Ciências que, nas palavras de Helena, vai ser focada em como a academia pode contribuir de forma mais eficiente para a educação no país, em todas as áreas do conhecimento. Mas enquanto a mudança acontece, ela conclama outras pesquisadoras a não desistirem.
Helena Nader dedicou suas décadas de estudo principalmente à heparina, um composto que evita a coagulação do sangue e impede a formação de trombos. Graças à qualidade do seu trabalho, se tornou pesquisadora no nível mais prestigiado do CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e foi agraciada com a Ordem Nacional do Mérito Científico. A nova presidente da ABC já publicou mais de 380 artigos em revistas internacionais e ajudou a formar 46 mestres e 51 doutores. Apesar de árdua, acredita que a dedicação à ciência vale muito a pena, pois consiste em empenhar o tempo na tentativa de entender o novo.
A nova presidente será empossada durante a Reunião Magna da Academia, no Rio de Janeiro. O evento vai discutir assuntos diversos nas áreas de meio ambiente, tecnologia e saúde, e os novos desafios impostos pelas mudanças climáticas, pandemias e revoluções. Helena pontua a feliz coincidência de tomar posse como a primeira mulher a frente da entidade, em um evento no Museu do Amanhã, com o tema O Futuro é Agora.
