Distribuição de alimentos em Gaza deixa pelo menos 47 feridos


As Nações Unidas acusaram nesta quarta-feira (28) militares israelenses de alvejar multidão que invadiu um centro de distribuição de ajuda humanitária em Gaza, deixando 47 feridos.
Ontem, multidões de palestinos invadiram novo centro de distribuição de ajuda humanitária, criado por uma fundação apoiada por Israel e pelos Estados Unidos. Um jornalista da Associated Press (AP) ouviu disparos de tanques e armas israelenses e viu um helicóptero militar disparando sinalizadores.
O chefe do Escritório de Direitos Humanos da ONU para os Territórios Palestinos, Ajith Sunghay, afirmou que a maior parte dos feridos foi atingida pelo fogo do Exército israelense.
O centro de distribuição nos arredores da cidade de Rafah, no extremo sul de Gaza, foi inaugurado na segunda-feira (26) pela Fundação Humanitária de Gaza (GHF, na sigla em inglês), registrada nos Estados Unidos, que foi designada por Israel para assumir as operações de ajuda.
A ONU e outras organizações humanitárias rejeitaram o novo sistema, alegando que não será capaz de satisfazer as necessidades dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza e permite que Israel utilize os alimentos como arma para controlar a população. Alertaram ainda para o risco de atrito entre as tropas israelenses e as pessoas que procuram mantimentos.
Os palestinos estão desesperados por comida, depois de quase três meses do fechamento das fronteiras pelos israelenses.
Israel afirma ter contribuído para estabelecer o novo mecanismo de ajuda a fim de impedir o Hamas de desviar os mantimentos, mas não apresentou provas de desvio sistemático. As agências da ONU dizem ter mecanismos para impedir o desvio de comida e outros suprimentos.
A GHF informou que estabeleceu quatro centros, dois dos quais já começaram a funcionar. Estão protegidos por empresas de segurança privada e têm vedações de arame que conduzem os palestinos para o que se assemelha a bases militares rodeadas por grandes barreiras de areia.
Frisou que seus seguranças não dispararam contra a multidão, recuando antes de retomar as operações.
As forças israelenses estão nas proximidades, o que Israel chama de corredor Morag, uma zona militar que separa a cidade de Rafah, no sul - que está agora praticamente desabitada - do resto do território.
A ONU e outros grupos humanitários recusaram-se a participar no sistema da GHF, alegando que viola os princípios humanitários. Afirmam que pode ser utilizado por Israel para deslocar a população à força, exigindo que se mudem para perto dos poucos centros de distribuição ou enfrentem a fome, uma violação do direito internacional.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse ontem que "houve perda momentânea de controle" no ponto de distribuição. "Felizmente, conseguimos controlá-lo".
Reafirmou que Israel planeja mover toda a população de Gaza para uma "área isolada" no extremo sul do território, enquanto as tropas combatem o Hamas em outros locais.
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