Milhares de pessoas deixam campo de refugiados após ataque israelense


O ataque de Israel, em grande escala, à cidade palestina de Jenin, considerado o maior dos últimos 20 anos na Cisjordânia, levou à fuga de milhares de pessoas de um campo de refugiados. A operação israelense começou na madrugada dessa segunda-feira (3) e tem como alvo um posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, localizado dentro do campo.
“Até agora, cerca de 3 mil pessoas deixaram o campo”, informou o vice-governador de Jenin, Kamal Abu al-Roub. Agora, esses refugiados deverão receber abrigo em escolas e outras instalações temporárias na cidade.
Organizações não governamentais preveem que o número de deslocados continue a aumentar, já que a operação de Israel poderá arrastar-se por vários dias. No total, o campo abriga de 12 mil a 18 mil pessoas.
Segundo o Ministério da Saúde da Palestina, já são registradas dez mortes – entre elas as de três menores - e uma centena de feridos, 20 deles em estado crítico, desde que Israel lançou o ataque com drones e explosivos em Jenin.
A agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para os refugiados palestinos informou, entretanto, que muitos dos moradores que permanecem no campo precisam de comida, água potável e fórmula alimentos para bebês.
Médicos impedidos de entrar no campo
A ONU lamentou a dimensão dos ataques, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou para a falta de o a cuidados médicos.
"Estamos alarmados com a escala da operação aérea e terrestre em Jenin, na Cisjordânia ocupada, e sabemos que os ataques aéreos atingem área densamente povoada do campo de refugiados", disse Vanessa Huguenin, porta-voz do gabinete humanitário da ONU.
"Os profissionais de saúde foram impedidos de entrar no campo, incluindo os que queriam auxiliar feridos em estado crítico", lamentou um porta-voz da OMS.
A organização não governamental (ONG) Médicos sem Fronteiras acrescentou que os tanques dos militares israelenses destruíram estradas de o ao campo, tornando impossível às ambulâncias chegarem aos pacientes. "Os paramédicos palestinos foram forçados a seguir a pé, numa área com combates ativos e ataques de drones", alertou.
Alvo
O governo israelense enviou para Jenin de mil a 2 mil militares. O alvo, dizem as Forças de Defesa do país, é um grande posto de comando do grupo militante Brigada de Jenin, situado no interior do campo de refugiados, junto a duas escolas e um centro médico.
É também nesse campo que se encontram centenas de integrantes dos movimentos Hamas, Jihad Islâmica e Fatah, com armas e arsenal de explosivos. A Brigada de Jenin, composta por membros de diferentes fações, tem sido culpada por Israel por ataques terroristas contra seus cidadãos.
Israel justificou o ataque com objetivo de “quebrar a mentalidade de que o campo de refugiados é um porto seguro, quando na verdade se tornou um ninho de vespas”.
O campo de Jenin foi criado nos anos 50 para abrigar refugiados que deixaram as suas casas em 1948, após a criação do Estado israelense. É, por isso, visto por palestinos como símbolo de resistência ao regime.
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