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Internacional

Professor de líderes do talibã é assassinado no Paquistão

Agência EFE
Publicado em 02/11/2018 - 19:42
ISLAMABAD
Agência EFE

O clérigo paquistanês Sami ul Haq, que dirigiu a madraça na qual estudaram o mulá Omar e gerações de mujahidins (combatentes) e talibãs afegãos, foi assassinado nesta sexta-feira (2) por desconhecidos na sua casa da cidade de Rawalpindi, confirmaram à Agência Efe fontes policiais.

“Sami ul Haq foi atacado na sua casa em Rawalpindi durante o pôr do sol. Primeiro foi atacado com uma faca e depois lhe dispararam um tiro”, disse o delegado adjunto da cidade vizinha de Islamabad, Umar Jahangir.

A fonte indicou que o clérigo chegou a ser levado a um hospital próximo, onde morreu em consequência dos ferimentos.

Jahangir disse que não tinha informação sobre os autores do assassinato do religioso, líder do partido Jamiat Ulema-e-Islam e antigo senador.

O delegado adjunto de Islamabad, Mohammed Hamza Shafqaat, informou a morte do clérigo na sua conta do Twitter e acrescentou que tinham surgido pequenos protestos em decorrência do assassinato, mas que estavam controlados.

O primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, condenou com “firmeza” o assassinato de Sami, a quem descreveu como “um grande estudioso do islã” e ordenou de Pequim, onde está em visita oficial, uma investigação dos fatos, segundo informou seu escritório em comunicado.

Nascido em 1937 no que é hoje a província noroeste de Khyber Pakhtunkhwa, Sami estudou na madraça Darul Uloom Haqqani, fundada pelo seu pai em 1947 e que mais tarde ele mesmo dirigiria.

Sob sua direção, a Darul Uloom Haqqani, na cidade noroeste de Akora Khattak, formou gerações de estudantes nas três décadas de conflito afegão desde a invasão soviética, entre eles os falecidos líderes talibãs mulá Omar e mulá Mansur e o chefe da rede Haqqani, Jalaluddin Haqqani, que tomou seu nome do centro.

Por esse motivo, o centro foi batizado como a “universidade da Jihad” e Sami ficou conhecido como o “pai dos talibãs afegãos.

Em entrevista à Agência Efe no ano ado na madraça, Sami afirmou que muitos dos talibãs afegãos e o próprio mulá Omar aram pelo seu centro. “O mulá Omar era um grande ser humano e amante da paz”, ressaltou Sami na ocasião.

O religioso defendeu que não tinha laços com o terrorismo, mas ressaltou que não era problema seu o que seus alunos faziam depois de formados.

O centro educativo acolhe hoje 4,5 mil estudantes que, desde os cinco anos, estudam o Corão seguindo a tradição deobandi, ramo ortodoxo sunita do islã relacionado frequentemente com o extremismo.

A morte de Sami acontece em um momento de grande tensão no país, que completou hoje o terceiro dia de protestos de islamitas contra a absolvição da cristã Asia Bibi pelo Tribunal Supremo. A corte anulou a condenação à morte que pesava sobre ela por blasfêmia e ordenou sua libertação.